domingo, 14 de outubro de 2012

Paixão



Fecho os olhos…
Teu pensamento preenche-me.
Acaricias, de forma lânguida, meu corpo…
Deixas-me num frémito de prazer…
Sugas, com teus beijos molhados, minha razão e meu ser…
Já não distingo o meu corpo do teu…
O torpor cega meus sentidos…
Tornámo-nos unos…
Numa sintonia lasciva, deixámo-nos levar.
Colados, nossos corpos suados,
Dançam de forma cada vez mais alucinante.
Não parámos, impossível parar!
Ambos tocámos o Éden, exaustos e saciados.
Aí permanecemos, libertos, desnudados,
Entorpecidos pela paixão…
Deitados ficámos, olhando o Infinito…
Numa lassidão terna e selvagem.
Até quando? Até quando?
Talvez hoje, amanhã,
Talvez Sempre…

Alcina Moreira

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ilusão assumida

 
 

Ilusão assumida.

 

Todos procuramos a verdade…

Eu quero verdade, ainda que doa, ainda que sofra – dizemos.

Falácia, mentira…

Não podemos desejar aquilo que se espelha, no nosso olhar arguto.

A verdade já a temos, mascarámo-la de mentira…

Procurámos esquecê-la.

Quando te toco, eu sei a verdade.

Quando te ouço, ela ecoa em meu ser.

Quando te sinto, mistura-se com a minha,

Torna-se mentira verdadeira.

Quando me entrego, sinto-a.

Para quê, denunciá-la?

Escondida deixa-nos inquietos, mas vivos…

Descoberta, denuncia nossas fraquezas,

Não, tu não queres a verdade.

Eu não quero a verdade…

Tu queres ser feliz,

Eu também quero a felicidade.

Então vivamos esta ilusão…

Sejamos felizes, esquecidos da razão…

Perpetuemos esta mentira.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Não sei...


Não sei…
Não me perguntem porquê,
Não quero pensar…
A tristeza assola meu ser
Minha alma está a chorar.
Não vou reprimir o sofrimento,
Não vou esconder meu desalento,
Vou vive-lo até se apagar.
Chora coração!
Não escondas mais a emoção,
A angustia que asfixia tua vida.
A tua desilusão sentida…
Tua alma sufocada,
Por uma vida preenchida do Nada…
Retira de teu rosto a máscara,
Não sorrias sem vontade,
Mostra ao Mundo quem és…
Uma alma apagada,
A quem já só resta a luz,
Sombria da madrugada.
Não me perguntem porquê,
Não quero pensar,
Deixo as lágrimas caírem,
Livres, seu destino prosseguirem,
Até a tristeza passar.

26 de Junho de 2010
Alcina Moreira



Existem marcas que nem o TEMPO tem capacidade de apagar...
Mais vivas , mais esfumadas, turvam de tristeza e saudade nosso olhar...
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Olhar perdido, quebrado vazio.
Abraças o mundo e tremes de frio,
Agarraste à vida, outrora de alegria,
Agora de dor, mágoa e nostalgia…
Tristeza, arrependimento?
Porquê?
A tudo te entregaste com sentimento.
Ergues teu olhar sofrido, cansado,
Queres vencer, precisas lutar
Contra a Morte inimiga
Que tua vida teima ceifar.
Amargurada e impotente,
Assisto ao ataque do Inimigo
Que de mim te quer fazer ausente.
Que posso eu fazer?
Como tentar segurar-te,
Sabendo-te a sofrer?
Meus Deus dai-me forças,
Para poder suportar,
Sua ausência infinita
Quando a vieres buscar.
Sê piedoso, não a deixes sofrer,
Nesta vida terrena, só quis viver.


 


Coimbra, 17 de Outubro de 10
Alcina Moreira