sábado, 24 de agosto de 2013

Memórias


Acendo um cigarro,
Encosto minha face molhada,
Nas vidraças da janela.
Abro os olhos e vejo o reflexo,
De meu olhar nela projectada.
Embrulho-me no silêncio da madrugada,
De minha imagem já estou cansada.
Não de meu ser de outrora,
Esse já se foi embora,
Deixando uma alma apagada.
Necessidade, desespero, nostalgia,
Recordo o passado, recordo o dia
Em que amei e fui amada.
Mas o Tempo, esse inimigo feroz,
Abandonou nosso amor,
Criou uma mágoa atroz.
Esmago o cigarro,
E com ele meu pensamento,
Abraçado a um sentimento,
Que hoje sei que perdi…



Alcina Moreira 



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Saudade/ Nostalgia

(Para a minha irmã, agora num mundo de PAZ...)

Não sei! 
Correm soltas, rebeldes, 
Caem em meu colo… 
Nada faço para as conter, 
Dor espiritual que avassala meu ser. 
Saber-te longe, impossível de alcançar, 
E ainda assim continuas a viver. 
Olho o firmamento, 
Sei que me vês, sei que ouves 
Mas, tudo isso me transcende, 
Em nada mitiga meu sofrimento 
Tanta coisa por dizer, 
Necessidade de te compreender, 
Capacidade de aceitar, 
Que de tudo já sabias, 
Sufocando a vontade de chorar. 
Mistério que irá perdurar, 
Para sempre por debelar. 
Como se pode sobreviver, 
Sabendo os dias contados, 
Dias que nos separam, 
Dos nossos seres amados! 

Alcina Moreira




sábado, 3 de agosto de 2013

Garoto de olhar triste



Garoto de olhar triste,
Pedes-me um poema.
É tão fraca a minha pena
Não sei como não sentiste.

Teu sorriso é minha folha
Teus olhos minhas palavras
Teu sorriso é melodia,
Que em júbilo me cantavas.

Olho para ti deslumbrada,
E deixo o verso soltar-se
Qual musa, teu olhar doce,
Quer no meu eternizar-se.

Garoto, olhar ternura,
Criança, sonho de amor.
Preciso da tua inocência,
Para esquecer minha dor.

Garoto, anjo de luz,
Nesta longa caminhada,
Dá-me a mão, tua esperança,
Desta vida estou cansada.

Garoto, hoje é teu dia!
És amor, és inocência,
Partilhemos a alegria,
Porque a minha fez-se ausência.


Alcina Moreira

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Caminho



Caminha naquela estrada,
Está sozinha, abandonada,
Sua alma torturada,
Chora, grita angustiada.

Olha em seu redor,
Tudo está triste, despido,
Devastado pela dor,
Em seu coração de angustia esculpido.

Procura na escuridão,
Cúmplice da sua solidão,
Encontrar uma saída,
Buscar sua alma perdida.

Houve o eco de seus passos,
Lentos, pesados, lassos,
Que caminham à deriva,
De toda a alegria despida.

A tristeza é sua – diz,
A saudade companheira
Pede a Deus, mulher infeliz,
Uma vida verdadeira.







Alcina Moreira