quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Tempo que passas...



Tempo, pensei que fosses meu companheiro,
Pensei que fosses meu amigo…
Mas duma forma atroz,
Descubro em ti meu inimigo.
Acreditei que chorasses comigo,
Um choro pungente e sentido,
Que apagasse minha dor…
De mão dada, meu irmão,
Protegerias meu coração,
Desta mágoa de amor.
Mas não, implacável insistes,
Que a saudade que existe,
Se faça eternidade…
Se me queres perseguir,
Faz da recordação ternura,
Onde não haja amargura,
Não mais que a terna doçura,
De amar e ser amada.

Alcina Moreira



domingo, 17 de novembro de 2013

Partiste

As horas passam monótonas, a noite é triste
Porque tu deste mundo já partiste.
A angústia assola meu ser.
Recordo com tristeza teu olhar,
Tua vontade de viver.
Deixo as lágrimas correrem quentes,
Queimando meu rosto gelado
Sinto já a tua falta,
Meu coração de teu sofrimento, cansado.
Que luta, que tenacidade,
Contra uma inimiga feroz,
Que minou tua vontade!
Teu olhar mora no meu pensamento,
Tentaste alhear-te, enganar o teu tormento.
Que revolta pressentir tua resistência,
A uma doença que te minava,
Que te transformou em ausência.
Teu olhar persegue-me,
Numa suplica muda,
De quem espera o fim,
Sabendo não ter ajuda.
Consigo sentir o débil toque de tuas mãos pálidas,
Que tanta vez, com ternura, acariciei,
Não sabia que te dizer,
E no silêncio te amei.
Agora na solidão,
Tento sentir, acordar, encarar a verdade,
Meu ser está inerte, sem vontade,
Não sei se o que sinto é saudade.
Tudo é vazio, absurdo,
Assombrosa escuridão.

Alcina Moreira








terça-feira, 12 de novembro de 2013

Sem Saída



As folhas amarelecidas caem no banco, varridas pelo vento…
Alheia a tudo, não as vês, isolaste num mundo de esquecimento.
Não contas os dias, as horas, minutos, desistes do tempo.
Observo-te ao longe, entre as folhas outonais,
Caem são pisadas, pela indiferença dos demais.
Ergue-te, sai desse caminho…não te percas.
Precisas de mim ainda que não o peças…
Segura-te a mim, e deixa as lágrimas tombarem,
Molha meu ombro, não te ausentes,
Eu estou aqui, eu estou presente…
Doloroso ver o Outono da vida,
Ceifar de forma tão abrupta,
A vida de uma jovem que nunca teve uma vida absoluta…
Preciso de força, preciso de coragem,
Para te ajudar a passar para a outra margem.
Partirás, um dia partirás…
Sei-o, sinto-o, vejo-o, mas
Em meu coração sempre habitarás.
Meu ser estremece só de pensar
Que a morte implacável,
Te quer vir buscar.
Meu Deus, sê misericordioso,
Dá a esta alma triste, perdida, um fim,
Sem sofrimento, sem angustia, suportavelmente doloroso.
Dá-lhe animo se tiver que ser, para aceitar que Aqui pode terminar,
Mas vai continuar a viver, junto de ti e em meu coração piedoso.
Tu, meu Deus, ser de perdão, desculpa-lhe alguma falha,
Não atormentes muito o seu e meu coração.
Traz-lhe um anjo que a conduza, para o Mundo da paz,
      Onde acaba toda a luta.           

                             



Alcina Moreira 


sábado, 9 de novembro de 2013

Estilhaços de memórias...



Esfume-se o pensamento,
Dilua-se o sentimento,
Afaste-se o sofrimento!
Que pense, quem quer sentir,
Que sinta, quem quer sofrer.
Eu quis um tudo de nada,
Ambição desmesurada.
Agora, agora só quero viver,
Viver para tudo esquecer,
Pensamento,
Sentimento,
Sofrimento,
Que se apaguem, esmoreçam,
Se façam ESQUECIMENTO.


Alcina Moreira 







sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Eternamente tua


Eternamente Tua

Corro a persianas.
Acendo um cigarro.
Aspiro a penumbra…
Deixo-me ficar,
Num triste deambular,
De recordação profunda.
Vejo teus olhos verdes,
Que penetram o meu ser.
Dois pedaços de mistério
Que insisto em perceber…
Que esconde teu olhar?
Nele vejo a fúria do mar,
A beleza da natureza…
Que angustia carregas contigo,
Que te turva o pensamento,
Causa do olvidar
Do meu e teu sentimento?
Quero apagar tua dor,
Curá-la com meu amor
E ver-te sorrir ao vento.
Quero tornar presente,
Que meu coração te entrego,
Será teu eternamente.


Alcina Moreira