quarta-feira, 30 de julho de 2014

Se eu partir...


SE UM DIA EU PARTIR
Quero que seja presente,

Que nesta cidade aprendi,

Me tornei independente.

Nesta cidade sofri,

Nesta cidade sorri,

Nesta cidade perdi,

E chorei tudo aquilo quanto amei...

Se um dia eu partir,

Deixarei voar a saudade,

Deixarei que ela vos conte,

Meus momentos de felicidade...

24 junho 2014




Alcina Moreira



quarta-feira, 11 de junho de 2014

Espera...


Sei que não vens,

Mas deixo-me ficar sentada,

Ali naquela esplanada, 

Onde um dia te conheci.



Sei que não vens,

Deixo a chuva bater em meu rosto,

Apagar o meu desgosto,

Dum sonho que não esqueci.



Sei que não vens, 

Permaneço ali prostrada,

Esperando a madrugada,

Para engolir o que vivi…



Sei que não vens,

Tudo foi uma quimera,

É vã a minha espera,

E meu coração chama por ti.



Sei que não vens…

Levanto-me, estou cansada,

Tropeço naquela estrada,

Sigo determinada,

Esquecendo o que senti.




Alcina Moreira

domingo, 4 de maio de 2014

Vagueio


Vagueio!



Sem rumo, sem destino,

Uma alma angustiada,

Que caminha abandonada,

Perdida em seu pensamento.

Sente a dor do sentimento

De quem já não sente nada.

Olha em frente, seu coração distante,

Busca aquele instante, 

Em que soube ser amada,

Em que soube ser amante.

Memória de tempos idos,

Intensamente vividos,

Feitos de amor e esperança.

Que fique em teu coração,

Eterna e doce lembrança,

De nossa ternura e paixão.



Alcina Moreira



segunda-feira, 3 de março de 2014

Outono da vida




Observo-te ao longe, entre as folhas outonais,

Caem são pisadas, pela indiferença dos demais.

Ergue-te, sai desse caminho…não te percas.

Precisas de mim ainda que não o peças…

Segura-te a mim, e deixa as lágrimas tombarem,

Molha meu ombro, não te ausentes,

Eu estou aqui, eu estou presente…

Doloroso ver o Outono da vida,

Ceifar de forma tão abrupta,

A vida de uma jovem que nunca teve uma vida absoluta…

Preciso de força, preciso de coragem,

Para te ajudar a passar para a outra margem.

Partirás, um dia partirás…

Sei-o, sinto-o, vejo-o, mas

Em meu coração sempre habitarás.

Meu ser estremece só de pensar

Que a morte implacável,

Te quer vir buscar.

Meu Deus, sê misericordioso,

Dá a esta alma triste, perdida, um fim,

Sem sofrimento, sem angustia, suportavelmente doloroso.

Dá-lhe animo se tiver que ser, para aceitar que Aqui pode terminar,

Mas vai continuar a viver, junto de ti e em meu coração piedoso.

Tu, meu Deus, ser de perdão, desculpa-lhe alguma falha,

Não atormentes muito o seu e meu coração.

Traz-lhe um anjo que a conduza, para o Mundo da paz,

Onde acaba toda a luta. 


                                         



 
Alcina Moreira 

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Naquele jardim...



O Entardecer aproxima-se lentamenteCaminho naquele jardim cerrado de pinheiros e atapetado de rosas vermelhas. 
Nada se sente! Nada se ouve! Apenas o sopro suave do vento que arrasta para longe, os últimos restos do dia. 
Meus passos cansados levam-me para junto do nosso banco. 
Meu olhar patético e abstracto olha o infinito. Lágrimas se desprendem de meus olhos, caindo em catadupa pelo meu rosto. Uma angústia se apodera de mim e, mais do que nunca, sinto à minha volta o gosto amargo da solidão. 
Penso em ti, e um frio gélido percorre meu corpo entorpecido, fazendo-o estremecer. Numa recordação obstinada vejo teus olhos castanhos. Tão castanhos, tão doces, tão brilhantes! 
Olhos que quando me olhavam traziam consigo amor e ternura…Como sinto falta desse olhar! Tão diferente de todos os outros, tão raro, meu Deus! 
Regresso ao passado e recordo um dia frio de janeiro. Era uma jovem, quase, uma criança. Ao ler um telegrama julgo enlouquecer de dor. É a angústia da separação irreversível que me atormenta. A inevitável separação, separação maldita que me roubou aquele que acreditava, ser o único amor da minha vida. 
Depois, uma a uma, imagens sombrias, dos dias seguintes, se sucedem, em meu pensamento. 
Vejo-me então, vestida de negro, cabisbaixa, com o rosto vincado pela dor pungente, pela perda de um ser amado. 
Lembro-me que, com passos incertos, me dirigi, novamente, àquele pequeno jardim, onde tinha estado, pela última vez, com o ser que tanto amei, talvez, na vã esperança de ali o reencontrar. Falsa, desgraçada ilusão! 
Em pensamento, ainda, senti tua imagem a meu lado. Imagem que o destino cruelmente me retirou sem retorno. 
De repente, movida por uma ânsia enlouquecedora quis gritar. Mas, meu grito, mais não foi que um eco surdo e estrangulado. Então, chorei, lágrimas de saudade e desespero. 
Com gestos autómatos, decidida, arranquei uma rosa vermelha, semelhante àquela que, outrora me deste com um bilhete que dizia: “ Viverás eternamente em meu coração, ainda que com espinhos como essa rosa…” 
Esse momento ficou, para sempre, guardado na minha memória. 
De súbito, regresso à realidade e vejo uma rosa vermelha em minha mão, regada por minhas lágrimas, símbolo, da paixão, do amor, da vida e da morte… 
Depois desse dia, muito tempo passou. Hoje, quando passo naquele jardim, meus olhos ainda se prendem hipnotizados, àquelas rosas vermelhas, símbolo efusivo dum amor que acalentei. Porém ao olhá-las, já não sofro, encontro apenas uma paz nostálgica. 
Agora, não sei se por castigo, por recompensa uma outra imagem se sucede de uns olhos também castanhos. Uns olhos castanhos penetram na minha alma – são os teus … 
Tão iguais e tão diferentes! 
Uma voz rompe a solidão que reinava no jardim, quebrando o fio de meu pensamento, relativo a um passado vivido e um futuro incerto, com um ser de olhos castanhos. 
Uma voz melodiosa de criança, canta suavemente, com sua voz inocente, uma história de encantar. Um sorriso melancólico se desenha em meus lábios, sua voz ecoa em meu espírito. Desejo juntar meu canto ao seu, mas a comoção embarga minha voz… 
Fecho os olhos para, de imediato os abrir. 
Então, caminho decidida, deixando atrás de mim, aquele jardim para sempre, porque o que dele fica está no meu coração, para ir ao teu encontro. 
Sim, abraçar-te, beijar-te a ti, meu amor, de olhos castanhos. 

Alcina Moreira



sábado, 15 de fevereiro de 2014

Ausência


Os dias passam, tristes chuvosos, partilhando minha angústia.
A noites, tornam a saudade mais penitente,
Sinto a tua falta, sinto a tua palavra amiga, sempre presente.
Todas as noites, pergunto às sombras, onde te escondes.
Remetem-se ao silêncio frio,
Que aperta meu ser, de dor macilento.
A saudade de uma perda, não tem nome…
Mas, a ausência sem justificação, é pura maldição…
Volta, vem aquecer, com tua ternura meu coração.
Preciso de tua paciência, de tua disponibilidade
 De teu coração terno, pleno de amor e amizade.
Urge o conforto de tuas palavras,
Quando da felicidade nossas almas parecem afastadas.
Parece-me ouvir no teu silêncio,
A vontade indómita de teu pensamento.
Sei que ainda amas, sei que deixaste aqui tua alma.
Urge velar e esperar triste, melancólica, mas com calma.
Volta amigo, uma onda corre, plena de solidariedade.
E te espera com amizade…







Alcina Moreira






domingo, 26 de janeiro de 2014

Oração



Meu Deus, meu Pai,
Ajudai-me por favor,
Afastai de mim esta dor,
Tende piedade, abençoai-me com vosso amor.

Meu Deus que fazer!
Para viver em sua ausência
Se todos os dias, todas as noites,
Em meu coração se faz presença…

Meus Deus, todo misericordioso,
Sede piedoso, tirai-me desta letargia,
Em que se tornou minha vida
Onde me sinto perdida.

Pai, ajudai-me a caminhar,
Tira-me desta angústia profunda
Tira-me desta penumbra
Em que se tornou meu viver.

Meu Deus, sinto-me só, abandonada,
Ajudai-me a criar este inocente,
Um anjo pela saudade marcada,
Faz com que olhe com doçura o presente.

Alcina Moreira

fev. de 2011 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Cai a noite...





Noite cerrada, noite triste, noite gelada,
Dá-me o teu colo, refresca minha mente apagada.
Despe minha máscara, estou só, estou cansada.
Desnuda minha Verdade, minha Verdade esmagada,
Pela mentira oculta que vê tudo, sem ver nada.
De tua sombra vestida, abro os olhos,
Ouso ver minha figura, agora desenganada.
Quisera ser sempre tua, nesta vida conturbada!
Seria apenas Eu, verdadeiramente Eu,
Desde a aurora à madrugada…

Alcina Moreira