sexta-feira, 18 de maio de 2012

Contradições




Quero e repudio.

Quero o silêncio da madrugada.

Fugir desta noite, em meu ser espelhada.

Quero a luz para meu caminho,

Feita da penumbra assombrada.

Quero caminhar e estou cansada.

Quero ser tudo, não quero ser nada…

Quero-te sem te querer,

Quero tua voz muda, calada.

Quero que grites, de forma apagada…

Quero dormir e estar acordada…

Quero sentir, sem ser magoada.

Quero minha vida,

Vazia de tudo, cheia de nada…

Quero ser o que sou

Sendo o Nada…

Esvaziar minha alma de recordações…

Quero esquecer o mundo da ilusão.

Alhear-me de tudo, e caminhar…

Sem rumo, sem destino…

Encontrar-me, em minha vida desencontrada.

Quero a anarquia, pelo caos animada.

Quero minha vida,

Quero-te a ti, quero os outros …

Quero-me a mim …

Sem querer Nada.



Beijinho

Alcina Moreira




quinta-feira, 10 de maio de 2012

Segue o teu caminho...







Coberta pelo manto da noite,

Seus gritos são abafados,

De angustia são tecidos,

De tristeza enlameados.

A chuva cai, copiosa,

Como lágrimas de teu rosto.

Porque quiseste amar,

Tão maior é teu desgosto.

A saudade aperta o peito

A duvida, inimigo suspeito.

Liberta-te mulher-criança,

Deixa esse fardo pesado,

Em que se transformou a esperança.

Ergues o rosto ao céu,

Nada vês, noite cerrada.

Porque segues, se cansada?

Amarfanha o passado,

Esquece o que te foi dado,

Porque nada te pertence.

Ergue-te, vive o presente!

O futuro, esse,

Que o viva quem o sente.



Abril de 12



Alcina Moreira


domingo, 6 de maio de 2012

Eterna Saudade


Velhos tempos de purezas infinitas
De ausências de tristeza,
Velhos tempos…
Infância perdida,
Saudade renascida dum mundo sem volta.
Desejo de teu abraço meigo e terno,
De teu olhar simplesmente materno.
De tua voz, ouço um eco distante e efémero…
Necessidade de sentir tua mão na minha,
De sentir teu calor, mitigar minha dor.
Nostalgia de tua doçura,
Para o doente sem cura.
Sentir tua emoção.
Olhando para um ser gerado.
De tua filha irresponsável,
Que, por ti, seria amado.
Como explicar-lhe que és a estrela mais brilhante,
Quando só vislumbro a penumbra?
Mãe, dá-me, um sinal, tira-me desta mágoa profunda.

Eterna saudade de tua filha,

Alcina Moreira