Caminhas sozinho, sem destino,
Caminhas no meio da multidão,
Alheio a tudo, isento da razão.
Esboças um sorriso, ainda que apagado
Ironia presente, num ser amargurado.
Deixaste de acreditar, deixaste de sonhar,
Em teu olhar raia o medo, de um novo despertar.
Tua angustia é teu fado, que por ti é abraçado,
Foges de outro ser, receias, já, ser amado.
Preferes a solidão, num pensamento esmorecido,
Queres fazer do presente, um passado esquecido.
Teu olhar perdido e belo, contempla o firmamento,
Plasmas tua dor, no mundo do esquecimento.
Sabes que a felicidade é já doce utopia,
Deixas tombar teu corpo, em suave letargia.
Esqueceste o passado, desconheces o presente,
Ao teu futuro sorris, numa alegria aparente.
10 de Julho de 2010
Alcina Moreira