Acendo um cigarro,
Encosto minha face molhada,
Nas vidraças da janela.
Abro os olhos e vejo o reflexo,
De meu olhar nela projectada.
Embrulho-me no silêncio da madrugada,
De minha imagem já estou cansada.
Não de meu ser de outrora,
Esse já se foi embora,
Deixando uma alma apagada.
Necessidade, desespero, nostalgia,
Recordo o passado, recordo o dia
Em que amei e fui amada.
Mas o Tempo, esse inimigo feroz,
Abandonou nosso amor,
Criou uma mágoa atroz.
Esmago o cigarro,
E com ele meu pensamento,
Abraçado a um sentimento,
Que hoje sei que perdi…