terça-feira, 16 de julho de 2013

...Silêncio...





Palavras que não se soltam,
Num silêncio sufocante,
Busco as letras que vacilam,
Num mutismo acutilante.
Procuro o ser que não sendo, 
Insiste em Ser, todavia,
Nesta (in)certeza vivendo,
Incandescente agonia.
Palavras que não se soltam,
Em sílabas agonizantes,
Caminham, correm, tropeçam,
Em murmúrios sibilantes.
Procuro ver-te, não vendo,
Nesta (in)grata cegueira, 
Amar-te, amar mal sabendo,
Numa apagada fogueira.
Palavras que não se soltam,
Em gemidos latejantes,
Moribundas, já não voltam,
Deste mundo estão distantes.

Alcina Moreira





2 comentários:

  1. são gritos famintos a saciarem-se desde a carne até ao osso enquanto os silêncios adormecem no sangue e arrastam vontades bem para além do tempo... e a pele das palavras é (quase) tudo o que nos resta.

    tão bonito, alcina! beijinho!

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    1. Grata, querido amigo, pela tua serena presença, que tão bem lê angustias sufocadas...

      Beijinho, querido amigo!

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