Palavras que não se soltam,
Num silêncio sufocante,
Busco as letras que vacilam,
Num mutismo acutilante.
Procuro o ser que não sendo,
Insiste em Ser, todavia,
Nesta (in)certeza vivendo,
Incandescente agonia.
Palavras que não se soltam,
Em sílabas agonizantes,
Caminham, correm, tropeçam,
Em murmúrios sibilantes.
Procuro ver-te, não vendo,
Nesta (in)grata cegueira,
Amar-te, amar mal sabendo,
Numa apagada fogueira.
Palavras que não se soltam,
Em gemidos latejantes,
Moribundas, já não voltam,
Deste mundo estão distantes.
Alcina Moreira
são gritos famintos a saciarem-se desde a carne até ao osso enquanto os silêncios adormecem no sangue e arrastam vontades bem para além do tempo... e a pele das palavras é (quase) tudo o que nos resta.
ResponderEliminartão bonito, alcina! beijinho!
Grata, querido amigo, pela tua serena presença, que tão bem lê angustias sufocadas...
EliminarBeijinho, querido amigo!